É falsa informação de que o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças é contra o uso de máscaras e o isolamento social

 É falsa informação de que o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças é contra o uso de máscaras e o isolamento social

Tentar transmitir informações confiáveis durante o período de isolamento social tem se mostrado um grande desafio. Isso porque as mensagens falsas têm se mostrado também uma grande pandemia de desinformação para a população.

Desta vez, até o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, importante organização dos Estados Unidos, teve seu nome associado a informações falsas que vêm circulando pelas redes sociais e prestam um serviço bastante negativo diante da situação em que o mundo se encontra.

As mensagens são referentes a 17 conselhos, supostamente ditos pelo virologista Robert Ray Redfield, e que auxiliariam no combate ao novo coronavírus.

Estas mensagens são falsas e trazem em seu conteúdo informações bastante perigosas, pois recomendam, inclusive, que a população evite o uso de máscaras. E ainda incentivam pessoas a quebrarem o isolamento social, a darem passeios, alegando que permanecer em ambientes fechados e esterilizados por muito tempo diminui as defesas do organismo.

Tais informações, originalmente, são baseadas em dicas fornecidas pelo médico da Universidade de Maryland Dr. Faheem Younus, feitas por usuários da internet que compilaram suas medidas e as publicaram em rede, mas que não apresentam uma tradução fiel e exata das orientações transmitidas pelo especialista, e que, a princípio, apresentam 16 itens e não 17 como vem sendo divulgado.

Há dois pontos adicionados a esta lista e que desvirtuam as indicações originais defendidas por ambos os especialistas. Uma delas afirma: “Usar uma máscara por longos períodos interfere nos níveis de respiração e oxigênio. Use-o apenas na multidão”.

Já a outra diz: “A imunidade é muito enfraquecida ao permanecer sempre em um ambiente estéril. Mesmo se você comer alimentos que aumentam a imunidade, saia regularmente de sua casa para qualquer parque/praia. A imunidade é aumentada pela exposição a patógenos, não por ficar em casa e consumir alimentos fritos/condimentados/açucarados e bebidas gaseificadas”.

Não é de hoje que os protocolo de saúde internacionais recomendam o uso de máscaras não apenas para evitar o contágio bem como para reduzir a propagação do vírus por meio de gotículas de saliva pelo ambiente. O presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria e infectologista Renato Kfouri reitera que o uso de máscaras “não piora nada e não aumenta a infecção. A infecção vem de fora para dentro, não de dentro para fora. Mesmo se você estiver doente, o fato de ter uma barreira não aumenta a gravidade”.

Máscaras: barreira eficaz contra a Covid-19. Imagem: Reprodução

O órgão oficial do CDC, nos Estados Unidos, no seu site, em publicação legítima, se pronuncia a favor do uso de máscaras e também a favor do isolamento social, recomendando: “Limitar o contato face a face com outras pessoas é a melhor maneira de reduzir a propagação da doença. O distanciamento social ajuda a limitar as oportunidades de contato com superfícies contaminadas e pessoas infectadas fora de casa”.

Sobre estes pontos, ambos os especialistas citados na matéria concordam com as afirmações.

Em entrevista ao portal G1, o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia Paulo Santos forneceu explicações que desmentem as alegações que fazem alusão a malefícios provocados pelo isolamento social ao corpo humano. E afirma categoricamente:

 “Por mais que seja demorado aos nossos olhos, o período de quarentena é muito curto para gerar problemas imunológicos. Para haver comprometimento imunológico, um indivíduo precisaria ficar períodos muito longos sem qualquer interação com outras pessoas, talvez anos e anos.”

A busca por informações fidedignas neste período de pandemia se faz crucial no enfrentamento de notícias falsas, desde as que prometem receitas mágicas contra o vírus, até as notícias vinculadas a personalidades importantes. Inclusive, o Conselho Nacional de Secretarias de Saúde – CONASS, em parceria com a Fiocruz, levantou dados a respeito da importância de transmitir informações seguras e de qualidade sobre a Covid-19, como pela produção de materiais informativos sobre amamentação, gestantes, doadores de sangue, crianças com condições crônicas e microcefalia, entre outros pontos importantes como medidas úteis e confiáveis de combate ao novo coronavírus. As informações podem ser consultadas neste link.

Esta checagem foi feita a partir da sugestão do aplicativo Eu Fiscalizo, em parceria do Nujoc Checagem com a FioCruz.

Equipe NUJOC

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