Médico afirma que coronavírus foi criado artificialmente: afirmação carece de provas

 Médico afirma que coronavírus foi criado artificialmente: afirmação carece de provas

O médico imunologista Roberto Zeballos afirma, em áudio que está circulando pelo WhatsApp, que o coronavírus foi produzido em laboratório de Wuhan, cidade chinesa epicentro inicial da pandemia. No áudio, Zeballos conversa sobre sua experiência no tratamento da Covid-19 com o cirurgião cardiologista Lucas Barbieri, do Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo.

Dr. Zeballos: hipóteses sobre a Covid-19. Foto: Redação Tititi

Além da afirmação sobre a suposta origem da doença em laboratório, Zeballos, que atua em consultório próprio e nos hospitais Sírio-Libanês e Abert Einstein, também afirma que o tratamento com o medicamento metilprednisolona é eficaz contra o vírus. Segundo ele, esse foi o tratamento que indicou para curar o cardiologista Roberto Kalil Filho, do Hospital Sírio-Libanês, que se recuperou da Covid-19.

O áudio é de fato do médico, conforme mostra a checagem feita pelos nossos colegas do jornal O Estado de São Paulo nesta matéria, mas as informações que circulam na rede social não se sustentam.

Desde o início da pandemia, alguns veículos de comunicação e influenciadores nas redes sociais abraçaram a tese de que o coronavírus foi produzido em laboratório e teria sido liberado acidentalmente na cidade chinesa de Wuhan.

A mídia e as redes sociais ecoaram suspeitas lançadas por líderes como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que declarou no dia 30 de abril ter provas de que o vírus foi produzido na China. Mas ele não as apresentou.

O mesmo fez o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que há dois dias afirmou ter provas de que o coronavírus se espalhou pelo mundo a partir de um laboratório em Wuhan. Ele também endossa a tese de que o vírus foi construído artificialmente na China, mas não apresentou provas para nenhuma das afirmações.

Laboratório em Wuhan: centro da polêmica. Imagem: Hector Retamal/AFP

Diversos estudos em revistas científicas conceituadas mundialmente refutaram a tese da criação em laboratório do vírus. A Organização Mundial de Saúde também rebate a tese. “Todas as evidências que temos sugerem que o vírus era de origem animal e não sofreu manipulação genética”, disse a porta-voz da OMS, Fadela Chaib, em comunicado oficial de 21 de abril.

Analistas avaliam que a tensão comercial entre EUA e China está na origem dos boatos do governo americano, que viu sua supremacia mundial ameaçada pela economia chinesa nas últimas décadas. Pequim nega as acusações.

O próprio Roberto Zeballos, em entrevista à agência de checagem do Estadão, admite que não tem como provar a afirmação sobre a origem do vírus em laboratório. Ele também pondera que as afirmações sobre a eficácia do medicamento metilprednisolona se baseiam em sua prática clínica, e que faltam estudos científicos para confirmá-las.

Sobre a suposta “cura” do médico Kalil Filho pela metilprednisolona, este afirmou, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo em 10 de abril, que não tem como saber se foi esse medicamento que o curou, pois foi submetido a uma combinação de medicamentos.

Equipe NUJOC

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