É FAKE: Médico diz que vacina altera material genético de pacientes

 É FAKE: Médico diz que vacina altera material genético de pacientes

Mensagem compartilhada nas redes sociais traz informações sem sentido sobre a atuação da vacina contra Covid-19.

Uma mensagem enviada pelo aplicativo Eu Fiscalizo tem causado polêmica nas redes sociais desde o mês em que começou a ser compartilhada, em setembro de 2020.
Uma carta atribuída a Robert F. Kennedy Jr. afirma que as vacinas produzidas contra o novo coronavírus podem alterar o material genético dos pacientes.
“Pela primeira vez, na história da vacinação, as chamadas vacinas de mRNA de última geração intervêm diretamente no material genético do paciente e, portanto, alteram o material genético individual, que representa a manipulação genética, algo que já foi proibido e até então considerado criminoso. Essa intervenção pode ser comparada à de alimentos geneticamente manipulados, que também é altamente controversa. Mesmo que a mídia e os políticos atualmente banalizem o problema e até mesmo clamem estupidamente por um novo tipo de vacina, para voltar à normalidade, essa vacinação é problemática em termos de saúde, moral e ética, e também em termos de danos genéticos que, ao contrário dos danos causados pelas vacinas anteriores, serão irreversíveis e irreparáveis”, diz parte da nota.

Embora a mensagem fale em pacientes, ela cita como autor o advogado e ambientalista Robert F. Kennedy Jr. A assessoria da Children’s Health Defense, instituição que dirige, nega que ele tenha escrito o texto. “O senhor Kennedy não é médico nem terapeuta. Definitivamente não é dele [o texto]”, esclarece.
Médicos entrevistados pela CBN para checagem de outra mensagem com teor similar afirmam que as premissas não fazem qualquer sentido à luz da ciência. A sequência genética humana não é afetada pela técnica mencionada, que é nova e vem sendo usada em vacinas em testes pelo mundo, com bons resultados – é o caso do imunizante desenvolvido pelo laboratório norte-americano Moderna e o da multinacional Pfizer formulado com a farmacêutica alemã BioNtech.
O infectologista Leonardo Weissmann explica que o DNA de quem recebe doses de vacinas não tem como ser alterado. Ele esclarece do que trata a técnica do DNA ou RNA recombinante. “Por técnicas de biotecnologia, um pedaço do DNA humano de interesse é conectado ao plasmídeo de uma bactéria, ou seja, a uma molécula do DNA bacteriano, formando o DNA recombinante. Portanto, o que é alterado não é o código genético humano, mas o do micro-organismo.”
O virologista Rômulo Neris, doutorando pela UFRJ, reforça que não é possível que o DNA humano seja reescrito. “O princípio dessa vacina é aplicar DNA ou RNA que contenha instruções para produzir um pedaço da estrutura do vírus – uma parte do esqueleto dele –, incapaz de infectar ou causar doença no indivíduo. Nossas células, então, produzem esses pedaços e em seguida destroem a cópia com as instruções. Essas vacinas não têm a capacidade de modificar ou reescrever nosso DNA. Ele fica protegido no núcleo das células, e essa vacina funciona no citoplasma, fora dele”, esclarece.

*Com informações do G1 e da CBN

Equipe NUJOC

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