O novo coronavirus já existe desde 2003?

 O novo coronavirus já existe desde 2003?

Verificamos em parceria com o app @eufiscalizo, uma denuncia que circula um vídeo pela internet onde um homem folheia uma edição da revista Saúde referente ao ano de 2003. Nela é possível constatar uma reportagem de título “Ainda não dá para respirar aliviado”. A reportagem citada trata sobre a epidemia ocasionada por coronavirus em meados do ano de 2002 na cidade de Guangzhou.

O importante a ser destacado sobre esta matéria e o contexto atual de pandemia que estamos presenciando agora em 2020 é que apesar de serem vírus da mesma família, não se tratam da mesma variação do próprio vírus. O vírus que atingiu a China em 2002 é o SARS-Cov. Já o que se espalhou pelo mundo no presente ano é o SARS-Cov-2, o NOVO coronavirus.

Essa informação é falsa. Não se trata do mesmo vírus, apesar de ambos pertencerem a mesma família.

Porém, há certas informações a serem consideradas no que diz respeito a existência do vírus entre a população humana.

A princípio,é importante que se diga que o coronavirus foi descoberto em 1965 por uma mulher. Ela se chamava June Almeida, importante virologista que ficou famosa ao estudar amostras parecidas com o vírus da influenza, amostra nomeada B814.

June ficou conhecida por suas formidáveis habilidades com o microscópio. A cientista não apenas encontrou e criou imagens claras do vírus,em parceria com David Tyrrell, como também informou já ter visto dois semelhantes a este mesmo vírus enquanto pesquisava sobre bronquite em galinhas e quando estudava inflamações hepáticas em camundongos. Suas publicações em artigos foram barradas por revisores pois estes acreditavam se tratar apenas de imagens de baixa qualidade do vírus influenza.

Passadas algumas década, o primeiro diagnóstico ocasionado por coronavirus apareceu em novembro de 2002 na província de Guangzhou, na China. Porém este surto foi controlado em 4 meses segundo comunicado da OMS em 5 de julho.

Os dois tipos de vírus fazem parte da mesma família, a “coronavirus”, e recebem esse nome por terem formato de coroa. Do primeiro ao último caso, a SARS-Cov atingiu 30 países em seis meses.

Segundo cientistas do Colégio Imperial de Londres estimou-se que a taxa de transmissão do novo coronavirus entre humanos é de duas a três pessoas para cada paciente infectado.

Sobre as inúmeras teorias conspiratórias sobre o vírus ter sido fabricado na China, Mark Woolhouse da Universidade de Edimburgo afirma que a China tem mais casos desse devido ao tamanho de seu território, de sua densidade populacional e do contato próximo que  algumas pessoas têm com animais infectados.

Em uma reportagem oficial, a revista posicionou-se sobre o vídeo afirmando que: O agente infeccioso debatido no texto é o que causou o surto de Sars, ou Síndrome Respiratória Aguda Severa, em 2003.

Esse vírus, embora mais letal, espalhou-se menos pelo mundo.Já o novo coronavírus tem o nome técnico de Sars-Cov-2. Ele causa a doença Covid-19. Tanto o vírus de 2003 como o Sars-Cov-2 pertencem à família dos coronavírus. Há ainda outros membros dessa turma (alguns causam simples resfriados e já circulam no Brasil há tempo, outros afetam só animais etc). A família dos coronavírus é conhecida desde meados de 1960. Mas nenhum deles é igual. O Sars-Cov-2 surgiu apenas no fim de 2019, na China.

Ao contrário do que é dito no vídeo, essa versão do coronavírus não circula no mundo faz tempo”. O posicionamento na íntegra da revista pode ser conferido aqui.

Em entrevista a BBC,Jason Schwartz, professor da Escola de Saúde Pública da Universidade Yale, diz que a preparação para esta pandemia deveria ter começado logo após o surto de Sars em 2002.

“Se não tivéssemos abandonado o programa de pesquisa de vacinas para Sars, teríamos muito mais bases prontas para trabalhar neste novo vírus intimamente relacionado (ao anterior)”, disse ele à revista americana The Atlantic.

De fato, o novo coronavírus, chamado Sars-Cov-2, é um “primo próximo” do vírus que causou a Sars em 2002. “O problema é que, para qualquer empresa, é uma péssima proposta comercial desenvolver um produto que, de acordo com as probabilidades, não será usado em décadas ou talvez nunca. Esse é o tipo de coisa em que os governos devem investir. Se isso fosse uma prioridade, não tenho dúvida de que as agências governamentais teriam financiado o desenvolvimento contínuo de uma vacina para a Sars. E talvez estaríamos mais bem preparados para reagir à covid-19”, é o que afirma Peter Kolchinsky, virologista e diretor da empresa de biotecnologia RA Capital.

Apesar de um conflito de interesses entre governo e pesquisadores, o essencial a ser elucidado na questão atual do contexto de pandemia, é que, por mais que sejam vírus oriundos da mesma família, é falso e tendencioso afirmar que estamos sendo alvos do mesmo vírus agora, no ano de 2020.

Equipe NUJOC

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